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quarta-feira, setembro 15, 2004

Madonna e Lucifer 

Ofereceram-me um bilhete, e o bilhete trouxe-me à memória concretamente o meu estimado pullover verde-alface com decote em bico, e os elásticos pretos no pulso a acompanhar. Lembrei-me de saber de cor "Burning Up", "Borderline", "Over and Over" e tantas outras. Foi assim que fui ver a Madonna ao Pavilhão Atlântico.

Gostei de a ver agora, 20 anos passados desde que a conheci. Também gostei de ter tido a oportunidade de vaiar o Pedro Santanás Lopes num grande recinto. Não é todos os dias. Não gostei dos fãs da Madonna. Na sua maioria, não têm escrúpulos.

O espetáculo em si foi muito conceptual e muito variado (apesar de poder dispensar alguma enjoativa imagética circense), com especial destaque para alguns trabalhos em vídeo muito bons. Continuo a achar que explora pouco a área da dança, que lhe parece interessar tanto desde que foi bolseira de dança na universidade aos 19 anos. Algumas canções foram re-inventadas (afinal nem todas tiveram direito a nova versão), mas não sob essa perspectiva. É algo que apenas se arranha ao de leve nalguns dos vídeos que passaram nos écrãs – a junção dos novos arranjos sonoros a novas perspectivas dentro da dança contemporânea e da fotografia. É um pacote potente mas pouco explorado. O fim do espetáculo é radicalmente abrupto - não há encores nem palavrinhas soltas. Eu passo bem sem os constrangedores encores, mas ficou a impressão de que os planos são cumpridos cirurgicamente ao segundo. Muito sorridente e muito pouco preguiçosa como de costume, ela vinha carregadinha de mensagens de paz, mas até o desejo de paz mundial cabe dentro de um esquema muito profissional e muito controlado, sem grande espaço para a “re-invenção”. Diz-se que a maternidade e a sabedoria dos quase 50 anos a têm vindo a "amolecer". É natural, é muito natural.



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