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quinta-feira, setembro 16, 2004

Mão Morta nas Carmelitas 

Braga, cidade dos arcebispos, viu em tempos nascer por ironia do destino uma banda musical cuja postura viria desafiar os mais enraízados valores morais deste nosso cinzento mundo luso.

Ontem, numa inesperada cerimónia organizada na Igreja das Carmelitas em Lisboa, os Mão Morta comunicaram ao país e ao mundo a sua decisiva conversão à Ordem da Santa Cruz de Coimbra, fundada por São Teotónio em 1131.

São Teotónio foi o primeiro santo da nação portuguesa a ser canonizado, sendo celebrado hoje pela Igreja como o reformador da vida religiosa em Portugal, era um missionário notável e detentor de uma visão bastante moderna para o seu tempo, e foi conselheiro espiritual do rei Afonso Henriques.

Num crescendo de estupefacção sentimos a perturbante angústia varrer os corações dos que assistiam ao místico comunicado. Para apaziguar a confusão e o pânico foram entregues saquinhos contendo enxofre e bolinhos feitos pelas irmãs do Convento de Mafra, saquinhos que fizémos questão de documentar aqui fotograficamente. Adolfo Luxúria Canibal, sempre intenso e já denotando um certo desapego das coisas terrenas, explicou que tudo tinha começado quando o baixista da banda, empolgado com a leitura de Eurico o Presbítero, fez notar o desalento e a vacuidade de e em tudo, e uma vontade imperetrível de continuar a minar o sistema, mas agora através do Amor Universal.

Hipnotizados pela força destas palavras e pela poesia discreta das coisas e das almas, sentimos a estranha força do Amor e em quasi-transe entrelaçámos as mãos, em uníssono rumando ao âmago da harmonia e da luz. São Teotónio parecia cantar connosco enquanto entoávamos os cânticos "Desmaia, Irmã, Desmaia", "Anjos Marotos", "Maria, Oh Maria", "Shambalah (O Reino da Luz)", "Eu Sou o Anjo do Desespero", "Anjos de Pureza" e "Bófia".


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