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sexta-feira, outubro 15, 2004

O Capuchinho 



Ele não tem apenas coração. Badly Drawn Boy (conhecido entre os seus como Damon Gough) incorpora um maravilhoso ideal: letras confessionais orquestradas por um compositor talentoso. Da multiplicidade de sonoridades e estilos musicais que certamente conhece, consegue criar uma congruência que me parece impressionante, tão meticulosa mas tão própria e tão natural que parece nascer espontaneamente num qualquer prado verde, sem esforço. Ninguém junta uma flauta e um piano com tanta candura, com tanto amor. Ninguém junta sons industriais, terramóticos, aquáticos ou esquizofrénicos a uma cançãozinha acústica com tanta singeleza. Muitas são as comparações com Nick Drake e com tantos outros "cantautores" maioritariamente acústicos, mas a verdade é que as canções de Badly Drawn Boy distinguem-se automaticamente de quaisquer outras, como a guitarra de The Edge ou o trompete de Miles Davis.

Não sei o que é que ele tem. Este último álbum, One Plus One is One, não é o meu preferido, mas nestes últimos dias nem a canção dos Marretas consegue arrancar-mo da cabeça (sim, o álbum todo, as canções vão aparecendo à vez). O mesmo aconteceu com os álbuns The Hour of the Bewilderbeast, About a Boy e Have You Fed the Fish? que, para meu extremo júbilo, ficaram a tocar nos corredores da minha cabeça durante semanas depois de os ter ouvido pela primeira vez. Às vezes ainda voltam.

Badly Drawn Boy, nascido em Manchester em 1970, e cujo nome surge de uma personagem de Banda Desenhada dos anos 70 e de um desenho feito pelo sobrinho, continua a atrair-me para o seu folk lo-fi, como tantos gostam de chamar àquilo que ele faz, cantando sobre o amor e celebrando a possibilidade.

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