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quarta-feira, outubro 13, 2004

Um comunicado não chega 




O comunicado de Santana ao país, e principalmente o renascentista/marcelista enquadramento em que foi feito, deixou-me aliviada e algo flutuante na paz que me transmite esta realidade de que já ninguém pode fugir: o Santana está-se a passar.

A fotografia dos filhos. A fotografia do PAPA. A aura branca atrás de si. O pastiche ranhoso d' "A Criação do Mundo" por cima da aura. O desastrado nó da gravata. Os olhares furtivos aos assessores que por trás da câmara geriam a grandiosa apresentação. As promessas acossadas. A aproximação gradual da câmara até chegar ao primeiro plano final, em que tira os óculos palermas e se recosta no cadeirão majestoso. As últimas palavras de nacionalismo de plástico («O meu nome é Portugal»?!).

Em breve revelar-se-á ao mundo num outro comunicado descontrolado a espumar da boca lunático cheio de raiva por nós todos tirânico contorcionista imbecil a falar de leis que não existem a antecipar despedimentos colectivos a explicar em que consiste a Geocromoterapia a arrasar o Che Guevara com uma tatuagem na testa e um Martini Dry na mão a mostrar as fotografias das férias em Punta Cana a fazer o Orçamento de Estado em directo com o cabelo desalinhado (ainda mais) a deitar cartas de Tarot a desprezar as delícias da cozinha judaica a dizer que não tem medo de nada nem de ninguém. Mais dois ou três comunicados e acabou.

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