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sexta-feira, abril 30, 2004

Colhendo Amoras 

«Chego a um arbusto de bagas tão maduras: é um arbusto de moscas,
suspendendo os seus abdómens azuis esverdeados
e os vidrilhos alados de um biombo chinês.
O festim de mel das bagas surpreendeu-as; julgam-se no paraíso.»

Sylvia Plath (in Pela Água, "Colhendo Amoras" )

terça-feira, abril 27, 2004

O Colossus 



John Zorn’s Electric Masada

A origem das composições do grupo data do início dos anos 90, quando Zorn escreveu um ciclo de mais de 200 exercícios baseados na tradição folk judaica denominado Masada, cujo objectivo era criar uma estrutura versátil que pudesse ser adaptada a um quarteto de jazz, uma banda de metal ou um grupo de câmara. Um exercício livre, sem quaisquer limitações no que toca à sua execução. No dia 25 de Abril, na Aula Magna, e à volta de John Zorn, estavam Marc Ribot, Jamie Saft, Trevor Dunn, Kenny Wolleson, Cyro Baptista, Joey Baron e Ikue Mori. Experimentalismo, improviso, perfeccionismo, impulso, controle, homogenia, tensão, impacto incendiário.

«Revolution!» foi a única palavra que ele disse.

quarta-feira, abril 21, 2004

Fish casa-se em Ranholas 



Foi no passado Sábado que Fish e a sua namorada Tammi deram o proverbial "nó", após 12 anos de namoro, na bonita localidade de Ranholas. Na foto vemos o feliz casal a receber os parabéns do padrinho Almeida Santos, que à tarde foi o eloquente guia dos convivas escoceses numa caminhada pela serra de Sintra. Aqui pararam apenas para ouvir a história da Quinta da Regaleira e as vozes na cabeça de Mota Amaral, amigo de infância de Fish, que obviamente não podia deixar de comparecer ao enlace. Ainda durante o passeio procederam a um pequeno ritual sacrificando ao todo 4 tordos, 3 galinholas, 1 pequeno roedor e Mota Amaral. Por fim o padrinho desvirgindou a noiva num crescendo mágico de sangue, êxtase religioso e sado-masoquismo tântrico. Fish disse mais tarde que sentiu finalmente «a verdadeira força esotérica presente em Sintra» de que tanto já tinha ouvido falar.

quinta-feira, abril 15, 2004

Sonhei que 

Estava num campo onde pululavam coelhos. A planície parecia fervilhar com tanta actividade e tantos coelhos. Uns matavam ratos, e perfilavam-nos já mortos como se de uma parada militar se tratasse; outros perseguiam outros coelhos, ferindo-os e torturando-os antes de os matar; outros olhavam o horizonte fixamente, aterrorizados. Já absorta, enlevada pelo sangrento cenário, só acordo do transe quando vejo de repente a Ana. Abraço-a longamente, beijo-a, volto a abraçá-la. Ficamos ansiosas à espera da chegada dos caçadores.

terça-feira, abril 13, 2004

O Sonho de Fernando d'Almorol 

Cara Berna,

Ontem tive um sonho. Sonhei que as muralhas de Lisboa, ou do que devia ser Lisboa, estavam pintadas de vermelho vivo, quase brilhante; o ambiente, esse era também quase medieval, sem que fosse denunciado qualquer traço de mau cheiro ou lama nas ruas. Mesmo assim julgava estar na Lisboa de um século qualquer que não este. Achei que havia um erro de programação ou memória da minha parte, visto que não haviam colinas adjacentes, mas tão só aquela em que me encontrava.

Reparei que ao redor da muralha circulavam pequenos pontinhos - como estava longe, não era fácil reconhecer o que era toda aquela actividade.
Comecei a descer a rua (…?). Na verdade não havia nenhuma rua que pudesse servir de referência, nem tão pouco a costa do castelo ou o rio estavam nos sítios onde estão hoje. Como iria sair dali agora? Palmilhei alguns quintais e hortinhas até chegar suficientemente perto para ver com toda a nitidez que os pontinhos eram homens, com caras sisudas e suadas - de ar pouco à vontade lá andavam eles sem intenção e com uma única motivação, a de encontrar alguém, e tinham todo o ar de querer encontrar as mulheres que estavam sentadas em pequenas reentrâncias da muralha, num espaço tão pequeno que não deveria ultrapassar o tamanho de um pequeno tijolo.

Aí estavam elas. Mulheres de todas as cores e feitios, umas com chapéu, outras sem chapéu, a equilibrarem-se de uma forma quase profissional em cima daqueles pequenos tijolos - umas riam, outras não, mas mesmo aquelas que riam, não o faziam com a boca toda, parecia que já tinham desenvolvido uma técnica diferente de rir sem parecer que riam. Faziam o que podiam para viver, mesmo em pequenos ridículos tijolos. Reparei, horas depois de me juntar ao “grupo que circula”, que haviam algumas mulheres que desapareciam sem que eu pudesse ver como tinham dali saído. Mais uma volta dada, que pelas minhas contas demoraria cerca de 1 hora e 45 minutos a ser completa, e nada via, a não ser algumas mulheres novas a tomar o lugar daquelas que misteriosamente desapareciam. Eu tinha agora uma motivação extra para ali estar, ver como saíam daquela altura assustadora.

Uma delas fez-me um sinal com o dedo e com a boca - foi como se fosse um cumprimento e não propriamente um convite.

Encetei de imediato uma nova fase do meu círculo, o do desejo, e senti-me a ser levado por uma espécie de luxúria quente que ao mesmo tempo me excitava de uma maneira tão estranha que pensei que desmaiava. Nunca me tinha sentido assim antes.
Sempre sonhei com aquilo.
Acordei um homem igual.

Cumprimentos à minha querida Berna.

domingo, abril 11, 2004

Sonhei com 

Na noite de Sexta-feira Santa, sonhei com a frase

«Se vós Lhe beberdes o sangue, Ele beber-vos-á o sangue»


quarta-feira, abril 07, 2004

Sonhei que 

Sonhei que o cartão de ponto de um dos meus superiores, em vez de ter inscrito o seu nome, tinha as palavras MORRER / TRANSFERIR.

Acordada sei que gostava que o ornitorrinco que irrita fosse transferido. Adormecida sonho e espero ansiosamente que morra. Por alguma razão apareceu a palavra "Morrer" e não "Matar". Eu até sou boa pessoa.

domingo, abril 04, 2004

Truísmos 



Gosto de pensar que o Carlos Paredes é português. Oiço-o respirar por entre as notas que rendilha, e estremeço. Gosto de pensar que o Zeca Afonso é português. Oiço-o cantar inquieto e fraterno, devora as angústias de todos, o seu amor é inesgotável.

É bom demais para ser verdade.







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